árvore da poesia
Para Toda Literatura
quinta-feira, fevereiro 28, 2013
ária para oboés e artifícios canoros
a minha vida é besta
é cesta de poesia
nuvem a me cobrir
um bem que te vejo
no olho do bem-te-vi
quando pousaste aqui
quarta-feira, fevereiro 27, 2013
fragmento e alheamento
eu olho para o poema
e me penso outro
aquele que vaga
na saliência silábica
de cada palavra
segunda-feira, fevereiro 25, 2013
fui morto por tua ausência
por que vieste
de tão longe
para me esquecer
domingo, fevereiro 24, 2013
eu fico com a eternidade deste silêncio
é tão misericordiosa
a palavra adeus
nos liberta outros eus
sábado, fevereiro 23, 2013
haikai de flor
inquieta lábia
fazer surgir
o sol da saia
sexta-feira, fevereiro 22, 2013
Ensaio argênteo para pele luzidia
Nada posso te contar do meu amor
Que é tão antigo
Apenas sei do que me incita a sede
Da sequiosa palavra ausente
Deste acúmulo de vazios
quarta-feira, fevereiro 20, 2013
Haicai com Luiza Maciel
domingo, fevereiro 17, 2013
quase desassossego, quase soares
só diz o meu corpo
o inferno que arde
a raiz do silêncio
este estranho estar
em descontentamento
sábado, fevereiro 16, 2013
outro fragmento de sal e vento
sim, eu quero um silêncio
imenso como o mar
e traiçoeiro como teu lábio
sexta-feira, fevereiro 15, 2013
fragmento circunstancial
o poema se basta de nadas:
achei isso tão mim
me ocorreu um eu
quinta-feira, fevereiro 14, 2013
Fragmento e açucena
Ainda resta o olor
do que me sopraria
teu hálito em esperas
quarta-feira, fevereiro 13, 2013
quase sísifo, quase ardor
a solidão é fria na flor
como delicadeza na pedra
como sonho que não medra
segunda-feira, fevereiro 11, 2013
fragmento e helianto
o olho da amada
respira poesia
já o corpo inspira
o suor do meu dia
domingo, fevereiro 10, 2013
fragmento amaro
a vida em certos momentos
é tão tardia
e há muito a palavra não ardia
tão excessiva
sábado, fevereiro 09, 2013
fragmento estrangeiro
quando a gente retorna,
quem será vindo?
quem sou eu?
e tu, quem terás sido?
II
tu já não eras como antes
mas meus olhos
te viam como antes
pra nunca esquecer depois
sexta-feira, fevereiro 08, 2013
fragmento para catavento
o poema amanhece
eu me adormeço
em alguma palavra
quinta-feira, fevereiro 07, 2013
Soneto post-moderno
se nada acontecer nada
vai acontecer se nada a-
contecer nada vai acon-
tecer se nada acontecer
tudo porém pode aconte-
cer tudo pode acontecer
porém tudo pode aconte-
cer se tudo vai acontecer
o contrário também pode
ser ao contrário pode ser
contrário de tudo vir a ser
sendo assim visto assim
contrário pode acontecer
que o nada pode se fazer
quarta-feira, fevereiro 06, 2013
fragmento para solidão
em vão as paredes recitam
o alfabeto dos corpos
terça-feira, fevereiro 05, 2013
fragmento para chuva íntima
todos os poemas já foram escritos
e eu insisto a me repetir em nadas
segunda-feira, fevereiro 04, 2013
fragmento para vermeer
quem disse que faço poesia
eu vivo de pequenas solidões
domingo, fevereiro 03, 2013
fragmento de pés, unhas e mãos atadas
se de amores eu me mato
ninguém duvide do afinco
rasga céu rouca trovoada
o brinco da minha amada
sábado, fevereiro 02, 2013
poema bobinho para fim de tarde
como um céu
assustado
de heliantos
é assim que
paira em mim
o teu encanto
sexta-feira, fevereiro 01, 2013
para que enfim possamos seguir
minha língua
na pele tua
logo sua
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