domingo, abril 29, 2012

diálogo poético

Sal

não espero desse corte
doer-me aguda e lentamente
nem óbvias cicatrizes

talvez, com alguma sorte
oferecer-me inteira
à tua língua, à tua sede
teu sal, tua saliva

não desejo dessa morte
muito mais
que mais um dia


variação com intermezzo sobre poema Sal de Daniela Delias

da dor espero o corte
espesso como saliva
na sede do vazio

e se vem lento
o vento
atiço a lenha

a cica é por um triz
travo afiado
de sorte e morte

mias um dia e passo
de língua e sal
o imã desse arrepio

Assis Freitas