terça-feira, março 25, 2014

Ensaio para os rudimentos da escrita

Aquilo que o poeta canta bem baixinho
Em segredo de confessionário
É só uma corruíra a beliscar o peito

sábado, março 15, 2014

Ensaio para o aquoso e o vítreo

No olho do poeta corre o rio
Deságua a estrela
Florescem pétalas e astros
Pululam divindades

No olho do poeta escorre o fio
Cresce a lágrima
Do que era, do que é findo
Em todo o infinito

No olho do poeta
Só no olho do poeta
a vida brilha ressuscitada

sexta-feira, março 14, 2014

Um canto de oferenda ao meu chão

Bahia é mar, é sertão.
Raso, profundo, largo.
Prato que se respira.
Bahia é a entidade,
que paira sobre as águas, inunda.
Bahia é Lucas da Feira, escravo fugitivo,
mestre das emboscadas.
Bahia é canto de sereia em dia de mar.
Trovão que rebrilha na Serra de São de José,
no bode de Uauá.
Bahia é vaqueiro encourado, caatinga
do coração, chão e desterro.
Bahia é a ponte que cruza destinos,
entroncamento de todas emoções.
Bahia é festa e pranto,
Bahia é o manto tricolor, é o Flu de Feira,
o Touro do Sertão.
Bahia é o engasgo da língua, o encosta, o encosto.
O ralar das coxas quentes, a praça Castro Alves
que é o do povo, como o céu é a amplidão.
Bahia é axé, oxente, gente.
Bahia é o arco-íris de uma multidão.

sábado, março 01, 2014

p.s.

ela lia baudelaire
e curtia o bolero
de ravel

ele vidrado
na calcinha
valisère

poeminha de alvíssaras

no quintal da casa
que eu comprei
financiada pelo BNH
tem um céu de prata
quando eu morrer
ela será quitada
e o céu de prata
será minha pátria