Eu perdi um amigo dobrando a esquina
Isso faz muito tempo, mas arranha
No meu peito como um coice
Ele gostava de soprar nuvens
Em novelos esfumaçados
E se oferecia em repasto
Ao zelo dos olhares
De tantas viagens
Paraísos artificiais em ondina
Meninas, livros, vinis
O porto, o cristo, a barra
Na saliência de rosto e sal
Eu perdi um amigo dobrando a esquina
Ainda com o trago e o copo
Engasgados de silêncio e ausência
No meu peito como um coice
Um cheiro de nuvem talvez
Coisas assim escritas podem
Fazer sentido, a existência não
5 comentários:
E esse tempo do sentir nada tem a ver com o outro rígido tempo. Faz tempo, mas foi hoje. E sei que a dor já vem suavizada em verso, mais ainda queima.
Beijos, querido!
Pungente!...
"Coisas assim escritas" podem constituir-se existência.
Um beijo
La existencia, sí, sí. SÍ. También, como las nubes.
Aqui está um verdadeiro exercício de depuração pela palavra...
Abraço, poeta,
Tão verdadeiro, tão natural!
Beijo, Assis.
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