Sal
não espero desse corte
doer-me aguda e lentamente
nem óbvias cicatrizes
talvez, com alguma sorte
oferecer-me inteira
à tua língua, à tua sede
teu sal, tua saliva
não desejo dessa morte
muito mais
que mais um dia
variação
com intermezzo sobre poema Sal de Daniela Delias
da dor espero o corte
espesso como saliva
na sede do vazio
e se vem lento
o vento
atiço a lenha
a cica é por um triz
travo afiado
de sorte e morte
mias um dia e passo
de língua e sal
o imã desse arrepio
Assis Freitas